quinta-feira, agosto 6

"Baú de Ossos"

Quando chegávamos era hora do café na sala de jantar da Inhá Luíza. Café fresco, pelando, bem fraco e servido em xícaras grandes. Vinha forte e era adicionado, na hora, da água quente que a Rosa e a Deolinda despejavam das chaleiras de ferro que tinham que ficar segurando ao lado da mesa. Leite, não. Quando muito, queijo-de-minas para pecar e deixar amolecendo dentro do café fervente. Pão alemão fofo e macio, cheiroso, ao partir, como um trigal. E o cuscuz de fubá doce. Feito em metades das latas do queijo do reino furadas a prego e onde a mistura cozia em cima do vapor de uma panela. Já no jardim se sentia o cheiro do café, do pão, do fubá, do açúcar mulatinho.

Pedro Nava, Baú de Ossos, Rio, 1972.

cão que ladra na rua

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