sábado, setembro 27

Sua vida era andar pelo mundo. Por aqui... acolá. Trombando, empurrando pedras e flores, desgostos e amores. Era o seu modo de enfrentar dores. Parava aqui, tomava um. Logo ali, mais uma boca, mais um olhar. Era mais um corpo todo. E mais um pedaço-estilhaço que fica na calçada – mas era bem paga.

quarta-feira, setembro 24

e-mail

Suas palavras, amigo, me remontaram um sábado quente no Norte do Brasil. Andava pelas estradas do estado do Acre para executar uma pesquisa e me eram oferecidas, em todas as paradas para o descanso, centenas de filhotes de aves, papagaios, lagartos e tantas outras espécies de animais engaiolados – ou melhor – encaixotados em pequenos quadrados de madeiras, sem luz, água ou comida. E o que mais me impressionava era que o brilho opaco que eu via nos olhos dos animais, era o mesmo dos olhos dos vendedores de vida, que as ofereciam por qualquer dinheiro ou comida. No fundo, homem e animal – se não o são todos – são um.

Um forte abraço a ti

O poeta é a arrumadeira do caos.