segunda-feira, setembro 17


Não é meu
...
Na mitologia clássica, tem uma historinha: a deusa Hera, manda os Titãs matarem Dionísio, filho bastardo do seu marido Zeus, e quando este chega para tentar salvar o que restou do seu filho, encontra apenas as cinzas titânicas e um restinho de vida (afinal Dioniso também era deus, não morria), então Zeus umedece as cinzas titânicas e monta bonequinhos com a chama divina dentro: eis uma lenda sobre o nascimento do Homem, um punhado de cinzas, mas com sua parte divina.
Quem te fala, agora, é uma pesquisadora do Rosa, aquele que escolheu um processo constante: ele sempre nos coloca no pior cenário possível, de violência, de miséria de falta de oportunidades, ele nos coloca nas cinzas, mas sempre alguma coisa acontece e a chama divina dentro deles aparece: surge uma luzinha qualquer. Às vezes, sozinha, ela ilumina bastante, mas quando juntas, fazem um grande clarão, como quando todo mundo leva o Sorôco para "a casa dele, de verdade", e aí fazem uma comunidade, com suas cinzas e miserabilidades juntas e assim, claro, recriam a luz porque cada luzinha, junta, transforma-se em uma Luz e ilumina mais...
Como acontece comigo e com você, que temos, sim, nossas luzinhas fracas, mas se estamos juntos, podemos iluminar o mundo, sempre acreditei. E tem o Manuel Bandeira - meu querido - e o poema que não me sai da cabeça:

"O impossível carinho”

Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
- Eu soubesse repor -
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!

é da menina que distribui rosas.

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