domingo, julho 22

§ outro dia uma amiga me perguntou se era o fim ou não deste blog. bem, nem me lembro direito da resposta que dei a ela, pois quem sou eu para dar a certeza sobre o destino das coisas tangíveis? ninguém, nada. ainda mais a um pedaço virtual onde muitos depositam coisas intangíveis e - muitas das vezes - infinitamente lindas e de grande utilidade, como estudos e trechos de livros. eu? apenas me estou aqui e agora. como me prostrei aqui nesta cadeira para ler os imeios e alguns sítios, que me tocam, e uns autores, que me dizem, e uns (poucos) blogs (claro, apenas aqueles que realmente não devem se acabar nunca, pois são bons. e aí agradeço à tecnologia que inventou isto aqui, permitindo que os como eu leiam lindas cartas e memórias - viu Camila, há este lado benéfico da coisa - que antes ficariam confinadas entre quatro bordas de papéis amareladas e, talvez, comidas por traças e mudas aos outros, como eu.) até que cheguei neste depósito de letras aqui. para tirar a poeira destes cantos aqui, resolvi postar algumas linhas, mas... postar o? não sei. é época de terras secas, caducas, apesar das constantes chuvas.

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§ para não deixar de todo certo o abandono disso aqui, ai segue uma entrevista que fiz com o MV Bill para revista Idéias. quem cedeu as fotos foi o Nino, produtor do Bill. apesar da correria para fazer o material e da dificuldade para falar com o homem, devido aos compromissos que ele teve naquela semana, consegui abrir e fechar a entrevista às 13horas de um domingo qualquer.

§Estamos juntos e misturados!


§ Edifício Maleta, centro de BH, 19h 30min de uma segunda-feira quer qual seja. O celular toca. Interrompe a trajetória do copo lagoinha. Digo um “alô”. Do outro lado linha, a jornalista Marcela Siqueira manda com a simpatia de sempre: “Cara, onde cê tá? amanhã cedo temos uma reunião de pauta lá no bairro Sion. Às oito e meia passo pra te pegar, ok?”. Respondo um “sem problemas” e nos despedimos. Antes de pousar na mesa do boteco, o copo suado fica livre para atingir o seu objetivo e matar a minha cede.

§ Umas 15horas separaram aquele momento no bar da sala de reuniões, onde um nome quebra o frio condicionado e o silêncio angustiante do local e encontra aprovação no sorriso da Marcela e nos olhos contentes da publicitária Angela Corinto. Tínhamos acabado de encontrar quem seria o entrevistado do primeiro número da Revista Idéas. O tal nome? Bill. Então convidamos MV Bill (Mensageiro da Verdade) para o primeiro bate-papo da publicação.

§ O cara é uma verdadeira metralhadora giratória de idéias que só dá pausa para recarregar o cartucho e focar outro alvo. Estar na mira dele, no entanto, é privilégio para poucos, e desejos de muitos. Também pudera. Bill, que nasceu na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, é reverenciado por gente do calibre do cineasta e escritor Joel Zito de Araújo, autor de “Filhas do Vento” e “A Negação do Brasil”. Ele está no time dos mais brilhantes pensadores das periferias do País. Seus trabalhos, como “Falcão – Meninos do Tráfico”, “Falcão - O Bagulho é Doido” e “Cabeça de Porco”, tiram das sombras e lançam ao debate a realidade dos que estão à margem da sociedade, nas vilas e nos morros. Mostram uma verdade que a maioria dos brasileiros não conhece ou finge desconhecer.

§ O trabalho do homem é chapa quente e virou referência internacional. Instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Unicef já reconheceram a importância das iniciativas de Bill. Recentemente, “Falcão – Meninos do Tráfico”, foi premiado na Espanha, com o Troféu “Rei da Espanha”, na categoria TV. Só para se ter uma idéia, esse prêmio é um dos maiores dentro do jornalismo internacional.

§ Foi com a música, com o rap, que Bill deu os primeiros passos em seu trabalho. Hoje, por meio da Cufa - Central única das Favelas - ele e sua equipe atacam em várias frentes: esportes, audiovisual e até artes cênicas. “Costumo dizer que somos um hospício. Um bando de loucos sem camisa de força”, definiu ele em entrevista à revista Caros Amigos.

§ Humano que é, Bill também tem lá suas esquisitices. Prova disso é que tem muita gente por aí pagando caro pra saber seu verdadeiro nome, segredo que ele não revela. É conhecido somente como MV Bill ou pelo pseudônimo, Alex Pereira Barbosa. Vá entender!

§ Bem, como já deu para perceber, os cartuchos de Bill são intermináveis e a agenda está sempre lotada. Portanto, pegar o homem para uma conversa foi uma verdadeira batalha, que até a última hora do fechamento da revista não havia terminado. E, aos 45 minutos do segundo tempo, em pleno domingão na hora do almoço, conseguimos “bater uma bola” rápida com o ele, no intervalo entre um compromisso e outro. O bate-papo foi curto, mas dá pra ter uma noção das idéias de um dos ícones do pensamento da periferia brasileira.

§ Revista Idéias: Alô? Bill?

§ MV Bill:
Sim. Ô mano, desculpa aí pela demora em atender vocês. É que estava numa correria só.


§ RI:
Tem nada não. Estávamos na sua cola desde o início da semana passada. Podemos começar?

§ MB:
Manda aí.

§
RI:
Bill fala um pouco sobre sua infância?

§ MB: Foi uma infância padrão. Estudar até onde a vida permitia. Conciliar “trampo” e estudo vislumbrando um mundo diferente do meu, coisa que nunca ia acontecer.

§ RI: Você nasceu na Cidade de Deus, quando você tomou consciência de que era hora de mudar aquela realidade?

§ MB: Olha, tive essa consciência muito cedo, antes mesmo do hip hop. Mas só foi através dele que a coisa se deu, até mesmo no afinamento do discurso. O hip hop foi um divisor de águas.

§ RI: Você considera o hip hop um agente de transformação da realidade da periferia?

§ MB: No início, sim. Mas devido à complexidade das coisas, acho devemos usar outros tipos de linguagens, como o vídeo e a literatura, algo que é até estranho para as pessosa da comunidade.

§ RI: Qual a maior carência das periferias?
§ MB: A periferia não tem apenas uma. Ela é um bolsão de carência.

§ RI: O Estado ainda é muito distante dos morros?

§ MB: Sim. No Falcão mostramos que essa distância causa uma visão errada da periferia. O objetivo da Cufa (Central Única das Favelas) é justamente agir para intermediar a relação entre o poder público e a favela. A violência que vivemos, com certeza, é reflexo da dessa ausência. O que queremos mostrar é que o importante não é apontar os culpados, mas sim, as soluções.

§ RI: Polícia do exército nas ruas traz segurança, Bill?
§ MB: Cara, acho que trazer, traz, para toda a sociedade. Não importa se você está no asfalto ou na favela. Só que é uma segurança aparente, pois o Exército não vai ficar na rua o tempo todo, uma hora os caras vão sair. E aí? A solução para o problema é mudar a maneira de enxergar, de tratar o outro.

§ RI: Qual o papel do jovem para mudar esse contexto?

§ MB:Eles são a oportunidade de mudança disso tudo. Mas alienado do jeito que parte da juventude está, acho difícil que mude alguma coisa

§ RI: Tem algum novo projeto no saindo do forno?

§ MB: Eu e o Celso Athayde agora estamos trabalhando no “Falcão – Mulheres”. Como o “Falcão - Meninos do Tráfico”, também vai abordar os problemas que afetam os habitantes das periferias. Mas, agora, vamos focar nas Mulheres.



...


uma hora posto o resto do material. cof. cof. foi só para bater a poeira.

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