sexta-feira, outubro 5

noites brancas I


era imenso e belo,
cheio de flores e meninos;
eu era menino,
mas, sem sorriso de menino.

acontece que, cresci e pensei,
arrependo-me ainda disso.
quando era menino, crescer
significava infinitas possibilidades,
hoje uma impossibilidade
já não deixa valer a pena, voltar.

um dia eu tive um martelo e pregos,
bati prego e dedo no seu caule,
a dor que senti foi a do dedo,
mas, fez-me pensar na sua dor.
eu só tinha sete anos e,
chorando com o dedo torno,
pedi desculpas e lhe abracei,
mentira, talvez o fizesse hoje.
e se alguém visse?

peço desculpas de longe,
naquele tempo nem isso fiz.
eu era inocente demais para ver culpa,
agora, sou culpado demais para lhe abraçar.

você já não é tão imenso, continua belo, eu não sou e não existe, menino menino sem o seu fruto, a doçura de menino vem de ti.

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