domingo, abril 15

DESENREDO

Por toda a terra que passo
me espanta tudo o que vejo
A morte tece seu fio
de vida feita ao avesso
O olhar que prende anda solto
o olhar que solta anda preso
Mas quando chego eu me enredo
nas tramas do seu desejo

O mundo todo marcado
a ferro, fogo e desprezo
A vida é o fio do tempo
a morte é o fim do novelo
O olhar que assusta anda morto
o olhar que avisa anda aceso
Mas quando chego eu me perco
Nas tranças do teu segredo

Ê Minas, ê Minas
é hora de partir
e eu vou me embora pra bem longe

A cera da vela queimando
o homem fazendo seu preço
A morte que a vida anda armando
a vida que a morte anda tendo
O olhar mais fraco anda afoito
o olhar mais forte indefeso
Mas quando eu chego eu me enrosco
nas cordas do teu cabelo

Ê Minas, ê Minas
é hora de partir
e eu vou me embora pra bem longe

(Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro)

Nenhum comentário: