quinta-feira, agosto 10

Por que sempre temos de estar limpinhos, bonitinhos, cheirosinhos, macérrimos e engomadinhos? E causa de quê temos de ter BMWs do ano com bancos de couro, todo personalizado, para receber os belos glúteos mínimos de uma mini linda loura com braceletes de ouro, comprados 'pelo Que late' que está ao lado dela, com o rolex até vermelho de tanto ficar sentado em uma bela poltrona dando ordens para a secretária, que não quis dar para ele. E esses figuras adoram estar na moda: compram o carro da moda, comem a comida da moda, dançam a música da moda, beijam a loura da moda e participam do movimento revolucionário da moda. São seres pós pós-modernos (se é que isso existe).
Olhem o "movimento" Viva Rio. A causa é nobre, sim, isso não se discute. Mas qual a diferença entre Viva Rio e Viva Favela? A Cidade Maravilhosa não está repleta de favelas? Ou será que para participar do Viva Rio tem que ser lourinho, limpinho, "cheirosinho", bonitinho na modinha? Espero que alguem me convença o contrário, mas, ao meu ver, caolho e vermelho, isso é discurso. Mais uma vez nós, brasileiros, estamos pintando a realidade de cor-de-rosa, para podermos fazer figuração no Fantástico ou no Nacional ou virar tema das conversar dos pseudos-ntelecto-sociais-democratas (valha-me Deus, de à luz esse negócio agora!).
O Rio não se resume a Ipanema, Condomínios herméticos, et cat... sei lá o quê. O rio também tem a cor do morro, o cheiro do morro. Dali nasce o que a cidade e aquele povo têm de melhor. Um modo peculiar de viver a vida, com alegria, talento, naturalidade, um jeito brasil de ser. Um trem que se repete e sofre as transmutações nas diversas regiões brazucas.
Deixemo-nos de imbróglios, de preocupações "petucaneanas". O mundo não agüenta mais tanta ong para americano ver e inglês aplaudir; filantropia de areia. Nosso país é um só, a mesma violência que está na Região dos Lagos e/ou em BH, SC, SP, GO está nas periferias do Rio, BH, SC, SP, GO. No fundo, isso não deixa de ser mais uma ação de segregação. Uma maneira de nos esquivar da culpa pela desigualdade social que assola o país e que agrava o desmonte de nosso quadro social.

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