terça-feira, janeiro 2

em BH chove. tudo bem, pouco me importa o cinza úmido, até me apraze os dias de ares embotados de água. mas a gripe... putz! ela me pegou logo no primeiro dia do ano. parece que são os meus sintomas, festejando o fim e o início de menos um ano de minha existência. e foi isso sim. eu estava lá e vi e ouvi o conluio para a execução deste festim libertino. além do mais, a minha cabeça já começa a sofrer com as câimbras sucessivas, prova de que estou certo. as costas? as minhas costas doem, mas não tanto como as pontas dos pontos finos das fibras que compõem os fios capilares pregados em meu cérebro. pés, tornozelos, joelhos, coxas e rótulas? já não há, o que tenho são juntas latejantes, o resto são fincadas que se alongam e percorrem o que creio ter sido (um dia) um par pernas. os ombros estão imobilizados, vencidos pelos choques, não muito diferentes destes pedaços largados, entrelaçados pelas pontas do que outrora foram dedos longos, por sobre a caixa torácica. Aliás, devo dizer que dentro dela há uma celebração muito rica e cheia de cores, o que contrasta com o cortejo pagão monocromático que minhas angústias mais fundas saboreiam ao som da tempestade.

*que a gramática me seja leve


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