quinta-feira, março 1

Conversa entre os dentes

Não. Sinto muito, mas não posso aceitar fazer parte disto aqui. Me recuso, terminantemente. Me incluir nisto aqui é desprezar tudo aquilo que vivemos, os bons e os maus momentos. Aliás, que sempre foram entrecortados de sorrisos e cumplicidade. Como pode pensar em fazer isso comigo? Os nossos encontros são, inevitavelmente, instantes prenhes de felicidade, de paz e amor. Ou mentem para mim o ritmo perene de sua pulsação, o brilho calmo de seu olhar e esse sorriso branco que se abre quando estamos juntos? Mas mãe? Já disse, não quero saber, não tem “mãe” e nem “mas mãe”, essa palavra nunca, mas nunca fará sentido quando se trata disso que somos. Eu. Não adiantam essas suas justificativas. Te conheço, você sempre me levou na gaita. Lembra quando chegava cantarolando na cozinha e me corrompia com beijos e afagos, até eu ceder e deixá-lo surrupiar uma batata frita ou bolinho qualquer ou uma prova dos cozidos? Você não mudou nada, menino. Mas mãe, quando vi este tema, só pensei em dizer para esse povo que eu acho que ausência não tem a ver com falta ou lacuna, e sim com o desistir de amar.

Nenhum comentário: