sexta-feira, março 2

porque é mais fácil passar a mão na cabeça do favelado e dizer que o som é gostosinho. falar sobre causa, origem e contexto das coisas... é coisa que não convém. e aqui começa o grande engano e princípio de todas os medos. é o silêncio cúmplice da omissão das palavras que calam quando poderiam dar a solução, que condenam o estereotipo às coisas do correr dos dias, tão normal. Então, qualquer intento de livre pensamento, que busca quebrar os grilhões sociais soldados e moldados anos a fio, soa como um falseamento de identidade, pior; é visto como uma negação do que é. é como se Jean-Michel Basquiat não pudesse traçar as linhas de Mona Lisa, é como se aquele negrinho gorducho, de cabelos encaracolados (que aliás, é bom de bola e prefere Basquiat a Tarsila) não pudesse se tornar um Rembrandt Harmenszoon van Rijn, isso não seria possível, pois o negro tem de gostar de ser jogador de futebol, mulata no carnaval ou desempenhar outros papéis que a sociedade estabelece para ele. Só meus caros, que, da ponte pra lá, ninguém sabe o que ou quer saber o que acontece (como diria a música). É a vida imitando a arte televisiva que sempre enquadrou negros, nordestinos, gays e outras minorias dentro de padrões.

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