sexta-feira, dezembro 28
quinta-feira, dezembro 27
domingo, dezembro 16
rememorar III
rememorar II
rememorar I
Diferentemente das tradicionais, para essa viagem não são necessários camelos ou dromedários para o transporte a outros lugares, o meio é um só, a palavra; água, os ouvidos (aos mais atentos, diria, que esse meio de transporte pode ser potencializado pelo olhar ávido por um gesto, por um sinal na face ou por um entoar mais agudo na voz dos narradores, guias) e o destino é a memória, terreno fértil das coisas findas, onde se formulam escolhas e destinos, barreiras e desatinos, um limbo entre o presente vivido e o presente passado.
Uma vez a bordo da palavra, volta não há mais, o embarque é no vento, sem a necessidade de dar tempo ao que já não há. Se permitir que os olhos sejam atendidos por novos velhos caminhos e, em muitos casos, tecer o próprio novo caminho em busca de outros sítios arqueológicos de fósseis líquidos de nós mesmos é a proposta dessa viagem. “Só assim poderemos fincar os pés e escapar do turbilhão de permanente desintegração e mudança, de luta e contradição, de ambigüidade e angústia do que é ser moderno e parte do universo no qual, de acordo com Marx, ‘tudo que é sólido se desmancha no ar” *.
Os viajantes vão partir, na mochila cordas para amarrar os pés caso o grupo seja acometido por uma tempestade durante as noites frias do deserto e muita vontade de se forjar em um tempo outro visitado apenas pelos nossos narradores, guias.
* Marshall Berman in "Tudo que é sólido se desmancha no ar", 1981.
quarta-feira, novembro 28
Sei lá, mas resolvi procurar o Vandré.
"Olha... E sabe o que eu acho... Eu acho uma coisa só a mais... Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque de Holanda... Merecem o nosso respeito.... A nossa função é fazer canções, a função de julgar nesse instante é do júri que ali esta... Um momento... Por favor, Por favor, Tem mais uma coisa só... Pra vocês, pra vocês... Que continuam pensando, que me apóiam vaiando! Gente... Gente... Por favor, Olha tem uma coisa só... A vida não se resume em festivais..."
falar com Geraldo Vandré.
E Geraldo Vandré não existe mais,
foi um pseudônimo que usei até 1968..."
Foto: Mário Luiz Thompson
domingo, novembro 25
de teus olhos
nascem meus caminhos
e os destino
que me vão enlaçando
entre os dias e horas
e instantes
de tua presença
brotam meus melhores quereres
minhas mais lindas poesias (quando as tenho)
e meus mais cruéis e sofridos
atos de solidão e desespero - medo
De tua presença
nasce a essencia
que é própria vida
fluindo por meu corpo.
De tua sabedoria
brotam meus mais sinceros motivos
para querer te merecer.
Reinventar cheiros, cores, formas
paladares e sons
para ser tudo
conforme teu gosto.
De tua ternura materna e amor
nascem meus sonhos,
minhas lágrimas, meus sorrisos, meus prazeres, minhas noites,
minha paz.
De tua existência
nascem os fluídos
que me fazem existir.
Não me faltes nunca,
nem um segundo de minha vida.
segunda-feira, novembro 19
Álbum: Outros...
Clareou o dia você desapareceu
Na estrada, no vento ou qualquer outra rota estelar
Na ilha deserta ou no inverno do norte europeu
Mergulhando ruas, beijos ao luar
Velejando bocas, loucas pra beijar
Mar e o oceano, e a onda que veio e bateu
Lembra a distância entre o seu mundo e o meu
O aluguel venceu
Meu time jogou
Tudo aqui é seu
E você não ligou
De manhã choveu
O carro enguiçou
O sinal fechou
O amor não percebeu
Passo todo dia e noites a vagar
Solto no descaso, preso em seu mirar
Na dança do tempo só você, meu bem, é que não viu
Durmo sabendo que você não vai voltar
O aluguel venceu
Meu time jogou
Tudo aqui é breu
E você não ligou
De manhã choveu
O carro enguiçou
O sinal fechou
O amor não percebeu
O aluguel venceu
Meu time jogou
Tudo aqui é breu
E você não ligou
De manhã choveu
O carro enguiçou
O sinal fechou
O amor não percebeu
terça-feira, novembro 13
das manhãs, seguia pelo caminho que nem mais havia.
Caminhava em
um
um arremedo
mal
acabado de
h
o
m
e
m
.
.
.
.
sábado, novembro 3
Eu tentei compreender
A costura da vida
Me enrolei pois
A linha era muito comprida
Mas como é que eu vou fazer
Para desenrolar
Para desenrolar
Se na linha do céu sou estrela
Na linha da terra sou rei
Na linha das águas
Sou triste
Pelo fogo que um dia apaguei
Na linha do céu sou estrela
Na linha da terra sou rei
Mas na linha do fogo
Sou triste
Pelos mares que não naveguei
Mas como é que eu vou fazer
Para desenrolar
Para desenrolar
uma máquina demolidora,
cadeiras, mesas, copos ao chão
triste e melancólica melodia
sinfonia da morte.
corpo agoniza
nos olhos vidrados,
brilho mórbido de não mais haver
onde só se pode ver
rastilho de uma escuridão que se desfaz ao longe
a luz da luminária
que antes clareava sonhos
agora evidencia o corpo retesado
e dentes cerrados
dentro da boca fria
pálida
e morta
terça-feira, outubro 30
$intonia fina
sem pressentir a besteira grande
enganou o Consumidor Qualquer
fez ele passar tremendo vexame
só que de Zé Mané, o enganado nada tinha
e mais que de pressa botou a boca no mundo
e foi à rádio reclamar, já que não tinha assessoria
contou tudo, pontos e vírgulas, a todo mundo sem pestanejar
o homem do microfone disse "isso é um absurdo"
e que iriam ajudar
levantaram todas as informações
entrevistaram fontes, testemunhas
todos colaboraram e deram importantes declaracões
todos naquela folia,
naquela enorme investigação
chegou a hora de ouvir o Dono da Lojinha
então, bora ligar para assessoria
no calor do final do expediente
o telefone na maior tocação
as gentes com ar de impaciente
conversa alto na ligação
e a prosa vai ficando esquentada
dessa vez não é só enrolação
um pedaço de tempo é pedido
não tem mais o que argumentar
um outro celular ganha o ouvido
a verdade tem sempre o seu lugar
só que nessas paragens (feitas de verdes "$$ifras" de papel moeda)
o lugar cabe em um bolso
bolso largo de olhos grandes
o resto do papo já nem ouço
o assunto agora é pra poucos
o absurdo nem era tão
o mais importante de tudo
é que na rádio também tinha um charlatão
ou melhor
um ladrão
só pra não perder a rima:
tem neguinho que deveria ter outra profissão.
sábado, outubro 27
sexta-feira, outubro 26
Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores
Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores
Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho
Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim
O final, entretanto, deverá ser bem festivo, bem suingado e dançante. ‘Um show com leve inclinação para a dança e o canto coletivo. Mas a canção estará lá’, define."
quarta-feira, outubro 24
A revolta dos Coveiros
Tudo começou no domingo, às 18h, quando ele recebeu a notícia que a sua sogra havia passado desta para melhor ou pior – vai saber?, A velha era o cão. Bom, os detalhes do velório; choramingo falsos, a cama bem arrumada da defunta crente, as piadas entre os dentes e as orações dos pastores juniores – sim. pq pastor júnior é assim. aproveita um velório, um enterro, para testar a sua pregação (de saco), para testar o efeito de sua oratória junto aos fiéis e às fiéias-noviças (principalmente), pois, estas, pululam nas igrejas evangélicas e são bonitas e pastor pode até ser de deus, mas não é otário! hohoho! mas esses, e mais outras mazelas que se deram em torno do féretro ficam para um bate-papo presencial – chic, no?. pulemos para o instante final da cerimônia do adeus.
estavam lá, no cemitério, plantando a deitada no jardim de Deus, repleto de outras plantinhas caducas ansiosas por saber mais da nova vizinha, quando nos finalmentes do troço – que já estava de bom grado, pela santa que foi a velha, que agüentou o genro mala e safado que vivia traindo a filha querida da morta (depois te conto das peripécias do danado também. vais gostar - quando a pior espécime dos pastores (O JÚNIOR, aquele, sô!? De quem eu falava ali em riba! volta lá.), resolveu que aquele seria o momento exato, era a chance derradeira para ele confirmar a sua vocação de servo do senhor e aparecido de marca maior com gravata de elástico no nó e terno de tergal azul, tem de ser azul para combinar com a bíblia de capa de couro com as letras douradas. e assim o escolhido o fez.
prostrou-se, como de sempre, ao lado do caixão da velha, e começou a pregação... mas num é que na segunda frase do aspirante a edir macedo, que dizia "senhor qq coisa veio buscá-la pra si", um coveiro – O COVEIRO CHEFE, vim perceber depois, tamanha a sua desenvoltura e andar firme e olhar decido (daqueles: tira o pé do meu café)- veio em direção ao féretro e disparou: VAI DEMORAR? – silêncio no jardim de deus. em resposta à indagação firme e em bom tom do coveiro chefe, o pastor engoliu seco e rebateu:
_ só uns cinco minutinhos.
_ cinco minutos para nós é muito tempo. nós vamos é fazer outro enterro ali. e saiu pisando duro e replicandando, o Coveiro Chefe.
silêncio. que só é quebrado pelos barulhos das correntes-de-descer-defunto do jardineiro do senhor - que batiam umas nas outras, enquanto o coveiro chefe saia gruindo:
_os "cara" tem a noite toda para conversar com o defunto e vem rezar aqui. olha só pro c vê?, é muita moral para uma sogra. Terminou de resmungar a frase e saiu com os seus comandados, sim. eram mais outros cincos jardineiros de deus.
foi aí, que o homem lá de cima deu o devido castigo ao orador juvenil, aspirante a pastora sônia hernandes, da igreja renascer em miami, de preferência. vc crê que o cara ficou uns 20 minutos pregando? não pq ele quisesse, foi falta de coveiro para descer o bichão mesmo! o JÚNIOR suava e falava e passava folhas da bíblia e perguntava: "Amém, irmãos?"(que respondiam automaticamente: Amém!) e olhava pro lado e nada de coveiro para descer a sogra querida. Até que não agüentou mais e terminou o discurso. foi aí que chegou a hora de terminar com a oratória e procurar o coveiro chefe e sua trupe - sim, pois o troço virou um circo - para destinar o féretro à sua morada final. Ufa!
foi assim, na glória do senhor: amém, irmãos? (a resposta é amém, ok?)
domingo, outubro 21
primeiro aniversário do Guiga
Um deles, eu escolhi.
Do seu sorriso nascem dias e horas e instantes da calma felicidade.
Tuas mãozinhas espalmadas seguro, me levas por tuas trilhas adentro.
Em tua presença renasço.
Renascem meus melhores quereres, minhas mais lindas canções, aquelas?, que nunca escreverei.
A cada sorriso teu, a cada som que nasce e ganha forma em sua ainda inédita voz cresce a essência que é a própria vida dentro de mim.
De tua luta continua brotam os meus mais sinceros motivos para querer merecer estar aqui, neste teu carinho, que me faz sentir novos cheiros, formas, cores, formas, palavras e sons.
Guilherme, de tua ternura e amor nascem promessas de novos dias, dias de verde intenso e de vento/brisa acariciando um rosto em paz.
Obrigado por deixar a minha existência mais leve.
sábado, outubro 20
terça-feira, outubro 9
domingo, outubro 7
I've seen it all
I've seen it all, I have seen the trees,
I've seen the willow leaves dancing in the breeze
I've seen a man killed by his best friend,
And lives that were over before they were spent.
I've seen what I was - I know what I'll be
I've seen it all - there is no more to see!
You haven't seen elephants, kings or Peru!
I'm happy to say I had better to do
What about China? Have you seen the Great Wall?
All walls are great, if the roof doesn't fall!
And the man you will marry?
The home you will share?
To be honest, I really don't care...
You've never been to Niagara Falls?
I have seen water, its water, that's all...
The Eiffel Tower, the Empire State?
My pulse was as high on my very first date!
Your grandson's hand as he plays with your hair?
To be honest, I really don't care...
I've seen it all, I've seen the dark
I've seen the brightness in one little spark.
I've seen what I chose and I've seen what I need,
And that is enough, to want more would be greed.
I've seen what I was and I know what I'll be
I've seen it all - there is no more to see!
You've seen it all and all you have seen
You can always review on your own little screen
The light and the dark, the big and the small
Just keep in mind - you need no more at all
You've seen what you were and know what you'll be
You've seen it all - there is no more to see!
sábado, outubro 6
dois palitos.
O dono da frase é o palhaço Merrel, que ganha vida ali, numa espécie de escritório improvisado, no meio da rua, ou melhor, na faixa de pedestres. Merrel vive dos malabares. Ele e sua esposa, Ingridi. O cara sabe o tempo correto dos sinais, o nome dos garis que trabalham na região, já trabalhou em circo e rodou o País fazendo a sua arte.
Sinal Amarelo. Merrel faz a última loucura com sua esfera colorida. Agradece. Estica o pescoço. Apóia uma das mãos à testa, fazendo sombra aos olhos arregalados, e sai entre os carros. Quem sabe ganha um trocado. Na verdade, qualquer coisa vale. Até cesta básica ele diz já ter ganhado no sinal. Mas pagamento de verdade para ele é a afinidade que acaba criando com as pessoas que passam por lá todos os dias.
Sinal verde. Com um sorriso no rosto e ainda com a bola inquieta nas mãos, ele vem para um bate-papo rápido; dois palitos. Um lá e outro cá. "Minha esposa, Ingridi, também trabalha comigo. Hoje ela não veio, pois fez uma tatuagem recentemente e não é bom ficar no sol, né?", responde. Há quatro anos ele pratica malabares. No início ele apenas produzia os objetos, depois descobriu que tinha jeito para coisa e também resolveu tentar a sorte nos sinais. "Acaba que as pessoas nos vêem aqui e nos chamam para fazer eventos, festas de aniversários e shows", conta o inquieto palhaço.
Enquanto Merrel monta em um monociclo e sai pedalando como bêbado,
Alvinho chega para participar da conversa também. É mais um que ganha a vida nas ruas com alegria. Pai de Gabriel, de 2 anos, Alvinho, que é ex-metalúrgico, conta que gosta do que faz. "Não largo isso aqui por nada", afirma. O cara é quase um circo ambulante. No dia da entrevista, ele manuseava no sinal um Diabolô, mas não pára por aí, ele tem habilidade com outros objetos circenses como o Devilstik, Aro Clave, e por ai vai. "Mano, faço até Ilusionismo", vai dizendo com um sorriso no rosto e os olhos atentos à sinaleira.
Sinal Vermelho. Não há mais tempo. A conversa pára. E eles voltam para o sinal. Sigo meu caminho para a redação que está logo ali, na Álvares Cabral.
sexta-feira, outubro 5
noites brancas III
se vai um flautista distraído,
o flautista também é surdo
e vaga sem se dar conta
que assopra um simples canudo.
sem furo, música ou ponta.
noites brancas II
o rei acordou contente e suspendeu a cobrança dos impostos.
segunda-feira
Mais um dia de suspensão.
Teve festa. Durou a noite toda.
terça-feira
Ressaca do rei.
É ordenada a retomada das cobranças dos impostos.
quarta-feira
O povo, deprimidos servos, vai ter com o rei.
Reivindicação:
todos querem uma possível nova trégua.
Argumento:
a decisão real foi tomada contra o povo e provocada pela ressaca do rei.
Quinta
Morre o dono da vinícola.
Sexta-feira
Dia riscado do calendário.
noites brancas I
era imenso e belo,
cheio de flores e meninos;
eu era menino,
mas, sem sorriso de menino.
arrependo-me ainda disso.
quando era menino, crescer
significava infinitas possibilidades,
hoje uma impossibilidade
já não deixa valer a pena, voltar.
bati prego e dedo no seu caule,
a dor que senti foi a do dedo,
mas, fez-me pensar na sua dor.
eu só tinha sete anos e,
chorando com o dedo torno,
pedi desculpas e lhe abracei,
mentira, talvez o fizesse hoje.
e se alguém visse?
naquele tempo nem isso fiz.
eu era inocente demais para ver culpa,
agora, sou culpado demais para lhe abraçar.
você já não é tão imenso, continua belo, eu não sou e não existe, menino menino sem o seu fruto, a doçura de menino vem de ti.
sexta-feira, setembro 28
Era o mar. De uma buniteza tão grande de se cegar os olhos.
Mas daquilo só tinha os beliscos das ondas que |às vezes| causavam pequenos choques nos pés descalços na areia.
era vida.
sábado, setembro 22
vida
ó metade afastada de mim
Leva o teu olhar, que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento, é pior do que se entrevar
Ó pedaço de mim, ó metade exilada de mim
Leva os teus sinais, que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco e evita atracar no cais
Ó pedaço de mim, ó metade arrancada de mim
Leva o vulto teu, que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu
Ó pedaço de mim, ó metade amputada de mim
Leva o que há de ti, que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada no membro que já perdi
Ó pedaço de mim, ó metade adorada de mim
Lava os olhos meus, que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo a mortalha do amor, adeus.
pedaço de mim. chico buarque
segunda-feira, setembro 17
Não é meu
...
Na mitologia clássica, tem uma historinha: a deusa Hera, manda os Titãs matarem Dionísio, filho bastardo do seu marido Zeus, e quando este chega para tentar salvar o que restou do seu filho, encontra apenas as cinzas titânicas e um restinho de vida (afinal Dioniso também era deus, não morria), então Zeus umedece as cinzas titânicas e monta bonequinhos com a chama divina dentro: eis uma lenda sobre o nascimento do Homem, um punhado de cinzas, mas com sua parte divina.
Quem te fala, agora, é uma pesquisadora do Rosa, aquele que escolheu um processo constante: ele sempre nos coloca no pior cenário possível, de violência, de miséria de falta de oportunidades, ele nos coloca nas cinzas, mas sempre alguma coisa acontece e a chama divina dentro deles aparece: surge uma luzinha qualquer. Às vezes, sozinha, ela ilumina bastante, mas quando juntas, fazem um grande clarão, como quando todo mundo leva o Sorôco para "a casa dele, de verdade", e aí fazem uma comunidade, com suas cinzas e miserabilidades juntas e assim, claro, recriam a luz porque cada luzinha, junta, transforma-se em uma Luz e ilumina mais...
Como acontece comigo e com você, que temos, sim, nossas luzinhas fracas, mas se estamos juntos, podemos iluminar o mundo, sempre acreditei. E tem o Manuel Bandeira - meu querido - e o poema que não me sai da cabeça:
"O impossível carinho”
Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
- Eu soubesse repor -
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!
é da menina que distribui rosas.
quinta-feira, setembro 13
quarta-feira, agosto 29
E morre lentamente e bem decrepitamente quem não existe. E fazer o que. Se não há saída mesmo. Se as paredes estão erguidas e os cantos já não são ouvidos mais? Chorar não vai fazer amenizar a dor, talvez traga mais rancor para um peito já catolaico. Mas o amanhã vai nascer impunemente e nem vai querer saber se a noite foi escura e fria. No fundo é tudo assim mesmo brigamos porque simplesmente o fazemos e o nada mais é distante tanto quando a respiração que não vejo mais por conta dos cloridratos.
Hoje me acompanham duas barrinhas de cereais. Ah! Se meus problemas de vida fossem apenas os cereais. Mas não, os meus são apenas os rios que correm entre estas palavras de desvãos enluarados.
terça-feira, agosto 28
domingo, agosto 26
sexta-feira, agosto 17
Olhe
Não venha me mostrar o que você não vê
Não venha me provar o que você não crê
Não tente se enganar
Pense
Ninguém pode se dar o que só você tem
Ninguém vai te dizer pra onde vai ou de onde vem
A estrada é pra caminhar
Não perca o resto do tempo que ainda te resta
Não perca tempo pensando que a vida não presta
Certas canções duram pouco, outras são eternas
Por que carros e aviões, se tens sonhos e pernas
Lembre
Que sua consciência é o seu grande farol
Há meses que fazem chuva, semanas que fazem sol
E dias em que tanto faz
Faça
Você faz seu enredo, você é seu Jesus
Feche os olhos do medo e abra o templo da luz
E tente um minuto de paz
Sonhos e Pernas de Vander Lee
segunda-feira, agosto 6
mexendo os ombros, balançando a cabeça
ao ver o beijo dos pais se adiantou para dentro do carro gritando um “tchau mãe” e se abancou na poltrona de trás abrindo a janela para sentir a brisa que batia em seu rosto e jogava seus cabelos para trás. parecia particularmente livre e feliz sentindo o vento e olhando as casas que compunham a paisagem móvel do caminho até à escola. as casas eram as mesmas, os postes eram os mesmos, os jardins eram os mesmos, até os cachorros que escapavam das bolinhas dos cuspis que voavam do carro eram os mesmos, mas a pintura em seus olhos era diferente era outra naquela manhã. o pai tentava contatos em vão, jota estava em outro mundo e conversava consigo mesmo sobre coisas que não escuto. a única coisa que consigo discernir são os movimentos da cabeça rumo a um e outro ombro. o que será que esse menino ouve? perguntava o pai a si e não encontrava resposta. enquanto isso o garoto continuava em seu mundo, seguindo seu caminho físico de toda manhã e ouvindo frases, creio, de incentivo e, talvez, até aplausos, vai saber?.
fila dupla, corre-corre e ele mal se despede do pai já corre para dentro da sala de aula. está só no local, ainda é cedo. aos poucos as cadeiras vão tomando vida e o silêncio é silenciado pelo burburinho que aumenta a cada instante até a chegada da professora.
Quando história quiser sair mais um pouquinho eu deixo,
quinta-feira, julho 26
domingo, julho 22
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§ para não deixar de todo certo o abandono disso aqui, ai segue uma entrevista que fiz com o MV Bill para revista Idéias. quem cedeu as fotos foi o Nino, produtor do Bill. apesar da correria para fazer o material e da dificuldade para falar com o homem, devido aos compromissos que ele teve naquela semana, consegui abrir e fechar a entrevista às 13horas de um domingo qualquer.
§Estamos juntos e misturados!
§ Edifício Maleta, centro de BH, 19h 30min de uma segunda-feira quer qual seja. O celular toca. Interrompe a trajetória do copo lagoinha. Digo um “alô”. Do outro lado linha, a jornalista Marcela Siqueira manda com a simpatia de sempre: “Cara, onde cê tá? amanhã cedo temos uma reunião de pauta lá no bairro Sion. Às oito e meia passo pra te pegar, ok?”. Respondo um “sem problemas” e nos despedimos. Antes de pousar na mesa do boteco, o copo suado fica livre para atingir o seu objetivo e matar a minha cede.
§ Umas 15horas separaram aquele momento no bar da sala de reuniões, onde um nome quebra o frio condicionado e o silêncio angustiante do local e encontra aprovação no sorriso da Marcela e nos olhos contentes da publicitária Angela Corinto. Tínhamos acabado de encontrar quem seria o entrevistado do primeiro número da Revista Idéas. O tal nome? Bill. Então convidamos MV Bill (Mensageiro da Verdade) para o primeiro bate-papo da publicação.
§ O cara é uma verdadeira metralhadora giratória de idéias que só dá pausa para recarregar o cartucho e focar outro alvo. Estar na mira dele, no entanto, é privilégio para poucos, e desejos de muitos. Também pudera. Bill, que nasceu na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, é reverenciado por gente do calibre do cineasta e escritor Joel Zito de Araújo, autor de “Filhas do Vento” e “A Negação do Brasil”. Ele está no time dos mais brilhantes pensadores das periferias do País. Seus trabalhos, como “Falcão – Meninos do Tráfico”, “Falcão - O Bagulho é Doido” e “Cabeça de Porco”, tiram das sombras e lançam ao debate a realidade dos que estão à margem da sociedade, nas vilas e nos morros. Mostram uma verdade que a maioria dos brasileiros não conhece ou finge desconhecer.
§ O trabalho do homem é chapa quente e virou referência internacional. Instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Unicef já reconheceram a importância das iniciativas de Bill. Recentemente, “Falcão – Meninos do Tráfico”, foi premiado na Espanha, com o Troféu “Rei da Espanha”, na categoria TV. Só para se ter uma idéia, esse prêmio é um dos maiores dentro do jornalismo internacional.
§ Foi com a música, com o rap, que Bill deu os primeiros passos em seu trabalho. Hoje, por meio da Cufa - Central única das Favelas - ele e sua equipe atacam em várias frentes: esportes, audiovisual e até artes cênicas. “Costumo dizer que somos um hospício. Um bando de loucos sem camisa de força”, definiu ele em entrevista à revista Caros Amigos.
§ Humano que é, Bill também tem lá suas esquisitices. Prova disso é que tem muita gente por aí pagando caro pra saber seu verdadeiro nome, segredo que ele não revela. É conhecido somente como MV Bill ou pelo pseudônimo, Alex Pereira Barbosa. Vá entender!
§ Bem, como já deu para perceber, os cartuchos de Bill são intermináveis e a agenda está sempre lotada. Portanto, pegar o homem para uma conversa foi uma verdadeira batalha, que até a última hora do fechamento da revista não havia terminado. E, aos 45 minutos do segundo tempo, em pleno domingão na hora do almoço, conseguimos “bater uma bola” rápida com o ele, no intervalo entre um compromisso e outro. O bate-papo foi curto, mas dá pra ter uma noção das idéias de um dos ícones do pensamento da periferia brasileira.
§ Revista Idéias: Alô? Bill?
§ MV Bill: Sim. Ô mano, desculpa aí pela demora em atender vocês. É que estava numa correria só.
§ RI: Tem nada não. Estávamos na sua cola desde o início da semana passada. Podemos começar?
§ MB: Manda aí.
§
RI: Bill fala um pouco sobre sua infância?
§ MB: Foi uma infância padrão. Estudar até onde a vida permitia. Conciliar “trampo” e estudo vislumbrando um mundo diferente do meu, coisa que nunca ia acontecer.
§ RI: Você nasceu na Cidade de Deus, quando você tomou consciência de que era hora de mudar aquela realidade?
§ MB: Olha, tive essa consciência muito cedo, antes mesmo do hip hop. Mas só foi através dele que a coisa se deu, até mesmo no afinamento do discurso. O hip hop foi um divisor de águas.
§ RI: Você considera o hip hop um agente de transformação da realidade da periferia?
§ MB: No início, sim. Mas devido à complexidade das coisas, acho devemos usar outros tipos de linguagens, como o vídeo e a literatura, algo que é até estranho para as pessosa da comunidade.
§ RI: Qual a maior carência das periferias?
§ MB: A periferia não tem apenas uma. Ela é um bolsão de carência.
§ RI: O Estado ainda é muito distante dos morros?
§ MB: Sim. No Falcão mostramos que essa distância causa uma visão errada da periferia. O objetivo da Cufa (Central Única das Favelas) é justamente agir para intermediar a relação entre o poder público e a favela. A violência que vivemos, com certeza, é reflexo da dessa ausência. O que queremos mostrar é que o importante não é apontar os culpados, mas sim, as soluções.
§ RI: Polícia do exército nas ruas traz segurança, Bill?
§ MB: Cara, acho que trazer, traz, para toda a sociedade. Não importa se você está no asfalto ou na favela. Só que é uma segurança aparente, pois o Exército não vai ficar na rua o tempo todo, uma hora os caras vão sair. E aí? A solução para o problema é mudar a maneira de enxergar, de tratar o outro.
§ RI: Qual o papel do jovem para mudar esse contexto?
§ MB:Eles são a oportunidade de mudança disso tudo. Mas alienado do jeito que parte da juventude está, acho difícil que mude alguma coisa
§ RI: Tem algum novo projeto no saindo do forno?
§ MB: Eu e o Celso Athayde agora estamos trabalhando no “Falcão – Mulheres”. Como o “Falcão - Meninos do Tráfico”, também vai abordar os problemas que afetam os habitantes das periferias. Mas, agora, vamos focar nas Mulheres.
...
uma hora posto o resto do material. cof. cof. foi só para bater a poeira.
sexta-feira, julho 13
Morangos Mofados (trecho), de Caio Fernando Abreu
De te amar feito louco de corpo a dentro
Mendigando o teu beijo a todo momento
Fazendo de mim mesmo um só tormento
Como a lua que brilha no firmamento
Como o sol que aquece o meu caminho
Como a noite que chora do meu lamento
Sou mais um que desperta longe do ninho
Meu caminho e deserto e tenebroso
Meu cavalo alazão só me faz carinho
Quando eu durmo me perco no pensamento
Ele fica chorando um só tormento.
P. Pedra Azul
quinta-feira, julho 5
domingo, abril 15
DESENREDO
me espanta tudo o que vejo
A morte tece seu fio
de vida feita ao avesso
O olhar que prende anda solto
o olhar que solta anda preso
Mas quando chego eu me enredo
nas tramas do seu desejo
O mundo todo marcado
a ferro, fogo e desprezo
A vida é o fio do tempo
a morte é o fim do novelo
O olhar que assusta anda morto
o olhar que avisa anda aceso
Mas quando chego eu me perco
Nas tranças do teu segredo
Ê Minas, ê Minas
é hora de partir
e eu vou me embora pra bem longe
A cera da vela queimando
o homem fazendo seu preço
A morte que a vida anda armando
a vida que a morte anda tendo
O olhar mais fraco anda afoito
o olhar mais forte indefeso
Mas quando eu chego eu me enrosco
nas cordas do teu cabelo
Ê Minas, ê Minas
é hora de partir
e eu vou me embora pra bem longe
(Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro)
Um poeta é feito de quê?
Pra esse canto novo não é preciso
Novos instrumentos descobrir.
Passado o dia de juízo
De novo o atabaque vai bulir.
Viola fará seu improviso.
Bambu vai aos dois se reunir.
é a volta do som do Paraíso
Pro mundo de paz que vai surgir.
(Do poema "O velho canto novo" - PCP)
sábado, abril 14
o fim (em port.)
Levantou, pensou certos desconfortos médicos, necessários, pegou um cigarro, colocou-o na boca, olhou para o céu de estrelas brilhantes, apesar de tudo, e deu uma enorme tragada. Só então percebeu que o fumo estava apagado, não tinha fogo, não fumava. Então, num gesto calmo, se acostou na cama e começou a ouvir música, sons, melodias, veredictos, ofensas, juras de amor, sorrisos, gargalhadas de escárnio e som ainda mudo da noite.
Naquela noite, mais uma vez, ele não dormiu. E nem fez falta, pois agora tinha a certeza das incertezas do amanhã.
Colhi em outro blog
É rapidinho. Assim, deixa eu te contar:
Primeiro uns dias sem respostas para a pessoa se tocar. Como a pessoa não quer se tocar nem fudendo, ela acaba te ligando. Daí você atende e diz que a ama, que está com muita saudade, que assim que rolar a grana se pica pra cama dela, e que o coração vai junto, aos trancos (a parte do coração é apenas o desejo dela, você só disse que chega na cidade onde ela, por hora, está).
Depois, caso ela consiga ser ainda mais insistente (é, as mesuras do amor quando não estamos apaixonados resultam em saco cheio, boca torta ou tédio), você diz logo:'Aí, gata, acabou. Dei uma nadadinha nos meus ocasos, experimentei o trapézio para fazer jus ao meu maior amor, olhei bem sua foto e desisti. Pensei: isso não vai prestar. E peço que me ligue no celular para eu partir seu coração . '
A tipa, horrivelmente repetitiva:'E ao menos vou aí dizer tchauzinho, meu sangue?'
O esperto:'Ah, talvez, quem sabe um dia que não se marque nem aconteça, amiga. Sinta-se à vontade.' (enquanto pensa: hahahahah)
Ela:'Ah, tá. E... bem, então vou agonizar ali no mictório do poeta um instantezinho e depois faço um aborto. Nada significativo. Vai ser como tirar o pirulito da boca da ninfeta. Só isso. E... Você tá com Aids, né ?'
O homem maduro, um verdadeiro cientista:'Quaquaraquaquá, não! Mas tenho a enfermidade que te falei.'
A chata:'A enfermidade?'
Ele:'É, isso é sério. Pode ser isso. Mas na verdade é porque eu quero deslizar, entendeu? Des-li-zar!!! Eu só ando de patins, honey! Minha coragem entupiu a pia, agora é morta. A intensidade eu perdi no armário de uma vadia. Linda! mas ficou por lá.'
A irritante: (mas agora, você, leitor, não a julgue, porque era o mais sincera que podia):'Me dá uma boa noite?'
(o coração envelhece)
é porque eu achei que ia ver deus, esperei por isso anos a fio. O papai noel já era parte do caminho, não acha? E daí o porre do vulgar enrabou minhas delícias. Um estupro e meio, um desses crimes que a justiça cega passou e não viu.'
Ele:'Ahahahahhhaaaa, como você é engraçada, estúpida! Ah, não foi um fora, eu só quero que saia daqui. Vê se some, minha pérola (ele não chamaria aquela ali de pérola, já tinha esquecido os olhos dela e estava preocupado com outras questões, quais sejam, o custo da picanha ou da chã), até eu descansar. Mas apareça, a gente se fala, juro. Gosto de você, sou seu amigo, o problema é comigo (e todas aquelas coisas, obrigada, mas minhas questões estão em outro tipo de, digamos, sensibilidade).
Nada disso importa, na verdade. O legal é que foi rapidinho, tipo assim, arrancar um olho, sem dificuldade, depois de cortar o que prende a órbita ao lado de dentro. Maestria!! Ah, não pense que somos uns monstros ...
quarta-feira, abril 11
segunda-feira, abril 2
quarta-feira, março 28
Léo e Bia
Como se fosse em qualquer lugar
Como se a vida fosse um perigo
Como se houvesse faca no ar
Como se fosse urgente e preciso
Como é preciso desabafar
Qualquer maneira de amar valia
E léo e bia souberam amar
Como se não fosse tão longe
Brasília de Belém do Pará
Como castelos nascem dos sonhos
Pra no real achar seu lugar
Como se faz com todo cuidado
A pipa que precisa voar
Cuidar de amor exige mestria
E léo e bia souberam amar
sábado, março 24
A temporada de flores ainda não acabou
(primeiro poema concreto da Clarinha.
Livre de qualquer medida de tempo e de densidade.)
Acabaram as palavras que poderiam expressar o q sinto.
Só sei q amo.... e é um vicio ...
E me perco... e me encontro...
E a cada dia quer mais
E cada dia mais odeia
Mas sempre amo....
Amooooooo
Amooooo
Amoo
Amo
Am
A
quarta-feira, março 21
domingo, março 18
Que longe disso tudo que sou esteja sempre perto da felicidade e seja leve e livre e calma. Que um dia ela tenha em intensidade maior este amor que adubo por ela, ainda menos doente, mais prazeiroso, mais provido das partes boas do humano, que não posso dar, por ser um.
Que a mulher que eu amo seja sempre amor e carinho e livros para os seus, alento para os que ainda não nasceram, boca para os que ainda não falam e som para os que se calam diante das palavras inaudíveis.
Que a cada dia ela plante seus amores mais fundo, até que chegue o dia em que não terá mais de se preocupar com a estupidez humana.
Que a mulher que eu amo entenda que a outra metade não é má, apenas quer transpassar os muros que me impedem de te amar.
Que a vontade de apagar as luzes e consumir-me em mim se transforme em um outro estar.
Que o tempo não pare simplesmente por mais este grito, que nem deveria gritar. Que estes inaudíveis soluços de dores concretas em mim, embalem o sono dos que se amam.
Pára grito!
Ele não pára. O tempo não pára apenas por que minha angústia me acovardou, mas que ela não seja recriminada por ser tão assim, tão mundana.
Que minha angústia nunca se levante de mim, pois vivo. Mesmo que a aurora ainda me seja proibida, mesmo perdido nas armadilhas empoeiradas da existência, que meus olhos de homem, do que ainda não sou, não calem a música do instante denso e do choro contido.
sábado, março 17
quinta-feira, março 15
segunda-feira, março 12
sábado, março 10
sexta-feira, março 9
Estou lembrando tempos
Enquanto lhe vejo caminhar
Aguando a calçada
Um barbeia um velho
Deita a noite e diz poesia (serenata)
Vinho enquanto ouve choro costurar
Passei em casa, seu Zé não estava
Memórias Senhor Brás Cubas Postumavam
Enquanto vi passar Helena pra casa de chá
Devagar, bonde na praça
Ainda borda delicadeza
Torna a gente
Banca de flores
Libertando sorrisos no ar
Vanessa da Mata.
Quero uma ciranda só pra mim. Sem óculos e dores de todas, inclusive de cabeça. Coisas triviais de uma sexta quente de março sem águas para findar o verão.
quinta-feira, março 8
Conduzir. Me ensina a ir para cá. Para além dessas coisas dores que vazam e calam e cegam um ser fora dos seus. Eu prometo saber que parar é questão de remédio dado por dono da dor e de olhos fechados empapuçados de tudo que é meu e faço dele o que quero. dos espaços em branco aos rabiscos noturnos, de tudo escuro, num mudo obtusoretórico de leis mudas.
Num lance espetacular da natureza a madrugada morre e, paradoxalmente, traz a minha tão particular escuridão dos meus dias. Junto com ela vem um ódio do tanto quanto era do gozo mau feito que sou, farrapo rasgado de todo o resto desta porra de que chamam mundo. E não é por esse buraco que tenho e me consome, pois esse, o cara de branco disse que é do bem, o que me alarga didentro é outro deixado. Pudera eu ser levado dele, não para outros, mas para onde ele seja o meu fim, sem fim. No entanto, se isso for recomeço... eu não quero. Quero não voltar, andar pelas ruas, vê o mundo dá ânsia de vômito. Quem dera vomitar e por pra fora tudo aquilo que me incha a garganta.
porque palavras já não me dizem nada. o silêncio sim, é implacável.
Cobaias de deus
Se você quer saber como eu me sinto
Vá a um laboratório, ou labirinto
Seja atropelado pelo trem da morte
Vá ver as cobaias de deus
Andando na rua pedindo perdão
Vá a uma igreja qualquer
Pois lá se desfazem em sermão
Me sinto uma cobaia, uma rato enorme
Nas mãos de um deus mulher,
De um deus de saia
Cagando e andando
Vou ver o ET
Ouvir um cantor de blues
Em outra encarnação
Nós, as cobaias de deus,
Nós somos cobaias de deus
Nós somos as cobaias de deus
Me tire dessa jaula, irmã, não sou macaco
Desse hospital maquiavélico
Meu pai e minha mãe, eu estou com medo
Porque eles vão deixar a sorte me levar
Você vai me ajudar, traga a garrafa
Estou desmilingüido, cara de boi lavado
Trago uma corda, irmão, irmão me acorda!
Nós, as cobaias, vivemos muito sós
Por iss deus tem pena e nos põe na cadeia
E nos faz cantar, dentro de uma cadeia
E nos põe numa clinica e nos faz voar
Nós as cobaias de deus (desse deus minúsculo, podre.)
É uma das últimas do Cazuza e da Ângela Roro.